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Você sabe o que são inteligências múltiplas?

Inteligências múltiplas? A inteligência não é uma coisa só? Para o psicólogo americano Howard Gardner, não. Ele defende a tese de que todo ser humano tem 9 tipos de inteligências, sendo que cada uma delas é responsável por processar as informações do mundo de determinada maneira.Em outras palavras, Gardner questiona principalmente a ideia de que há um QI padrão capaz de medir e definir o grau de inteligência de uma pessoa. Atualmente, temos acompanhado a sua teoria se popularizar de forma intensa, orientando a prática de inúmeros educadores.A seguir, listaremos informações para que você entenda melhor o que são, quais são os principais tipos e qual é a importância de desenvolver as inteligências múltiplas desde a infância. Acompanhe as próximas linhas e boa leitura!

O que são inteligências múltiplas?

Primeiramente, é preciso entender qual é o significado da palavra “inteligência”. Derivada da união de dois termos latinos, inter (entre) e legere (escolher), ela expressa a capacidade de eleger, entre duas ou mais alternativas, aquela que melhor responde à situação vivenciada. Em resumo, inteligência se refere à habilidade de resolver problemas, de conviver, de se adaptar, de criar e fazer tantas outras coisas.Partindo disso, o psicólogo Howard Gardner e sua equipe da consagrada Universidade de Harvard entraram em conflito, na década de 80, com a tradicional teoria do QI, ao afirmarem que a inteligência humana não é uma entidade única, mas uma composição de 9 tipos de inteligências — que diferem entre si em razão de suas características.Segundo Gardner, temos cada uma delas, mas podemos desenvolver mais determinada inteligência, que se torna dominante em relação às outras. Essa inteligência predominante influencia muito a forma como enxergamos, interagimos e aprendemos com o mundo à nossa volta.Vale destacar que não há uma inteligência mais importante ou válida do que as outras: elas tornam as pessoas apenas diferentes. Outro ponto a ser levado em consideração é que todos os seres humanos têm o potencial de desenvolver as 9 inteligências.

Como cada uma delas é caracterizada?

Quer saber quais são os 9 tipos de inteligências definidas pelos pesquisadores de Harvard? Sem mais delongas, vamos conhecer cada uma delas e entender como elas encontram exemplos no mundo.

Inteligência linguística

A inteligência linguística está relacionada ao domínio da linguagem e à capacidade de comunicação — expressão. Ela não se restringe apenas à oralidade ou à escrita, pois abarca a gestual, a corporal, entre outras.Alguém com uma inteligência linguística bem desenvolvida costuma perceber os mínimos componentes da palavra (as chamadas entrelinhas) ou de outra expressão da linguagem de forma muito mais sensível. Além da percepção aguçada, a capacidade de expressão por meio da linguagem se torna outra facilidade.Bons oradores se destacam na apresentação de projetos nas empresas porque sabem organizar as ideias em palavras de maneira clara e sequencial. O domínio da oralidade permite que eles consigam criar expectativas, introduzir assuntos e chegar às conclusões com muita naturalidade.A leitura e a análise de obras literárias também é um exemplo de prática que requer uma inteligência linguística desenvolvida, assim como a capacidade de criação nessa expressão artística.

Inteligência lógico-matemática

Trata-se da facilidade na resolução de problemas que envolvem deduções lógicas e raciocínio numérico. Os testes de quociente de inteligência (QI) utilizam essa habilidade para medir a inteligência de uma pessoa.Empresários normalmente desenvolvem uma inteligência lógico-matemática para gerenciar recursos, fazer investimentos e não perder dinheiro. De forma semelhante, profissionais de marketing precisam da capacidade analítica para acompanhar o desempenho de campanhas e avaliar resultados.

Inteligência espacial

É a aptidão para criar imagens mentais, identificar detalhes e desenhar, isto é, para compreender informações tridimensionais e distinguir detalhadamente formas, figuras, linhas e cores. No geral, essas pessoas têm um acurado senso estético e podem desenvolver suas aptidões em várias carreiras.Profissionais que trabalham com design gráfico precisam, além de familiaridade com as ferramentas digitais, de um senso espacial muito aguçado para dar corpo aos seus projetos. Outro exemplo é o dos arquitetos, que necessitam planejar todos os detalhes de um ambiente físico, desde o tamanho e distribuição dos cômodos até as minúcias da decoração.

Inteligência musical

A inteligência musical é a elevada sensibilidade para distinguir formas e sons musicais. A facilidade para lidar com um ou vários instrumentos, ler partituras e compor peças é uma das características de quem tem essa habilidade bem desenvolvida.Encontramos várias carreiras que precisam de pessoas com inteligência musical, além da de músico. Por exemplo, o ensino de instrumentos, o desenvolvimento da voz e a produção musical.

Inteligência corporal-cinestésica

É o domínio dos movimentos corporais, de forma a gerar produtos artísticos (expressar sentimentos pelo corpo), ou a habilidade na manipulação de objetos. Estão envolvidas nesse tipo de inteligência a coordenação motora grossa e a fina. A inteligência corporal-cinestésica é desenvolvida por profissionais de diversas áreas, principalmente na dança e nos esportes.

Inteligência intrapessoal

Refere-se à propensão para o autoconhecimento e o gerenciamento das emoções. Repare a seguir que “intrapessoal” não é o mesmo que “interpessoal”, pois são competências diferentes. As pessoas que desenvolvem a inteligência intrapessoal conseguem acessar seus próprios sentimentos com mais facilidade e refletir sobre eles.O exercício dessa competência é fundamental para a inteligência emocional. Quando bem desenvolvida, a inteligência intrapessoal permite que as pessoas atuem no mundo de maneira mais sincera e preparada para lidar com adversidades.

Inteligência interpessoal

Já a inteligência interpessoal é a facilidade de construir e manter relações com outras pessoas. É, sobretudo, a capacidade de reconhecer e interpretar os sentimentos, as motivações e os temperamentos alheios, ou seja, de desenvolver a empatia. Tal desenvolvimento se refle nas capacidades de construir relacionamentos e mediar conflitos.

Inteligência naturalista

Essa competência faz compreender a natureza, conseguindo se conectar e sendo sensível aos seus processos — causas ambientais. Podemos dizer que a inteligência naturalista é aquela que funciona como um elo entre os seres humanos e a natureza.

Inteligência existencial

Trata-se da acentuada curiosidade e sensibilidade a questões relativas à existência e ao sentido da vida. Pessoas com essa inteligência predominante estão sempre se voltando a questões como: “Quem sou?”, “De onde viemos?” e “Para aonde vamos?”.

Qual é a importância de desenvolver as inteligências múltiplas nas crianças?

Conforme já foi dito, todas as pessoas têm igual potencialidade para desenvolver os 9 tipos de inteligência — ainda que algumas delas possam ser predominantes às outras.Existir o potencial, no entanto, não significa necessariamente que a habilidade será desenvolvida. Essas competências dependem, em grande parte, de condições ambientais — família, escola, comunidade e demais — que sejam propícias e sirvam de estímulo para sua evolução.Esse é um ponto sensível às escolas e aos educadores, pois a teoria de Gardner desestabiliza todo o nosso sistema educacional, uma vez que ele tende a privilegiar apenas dois tipos de inteligência — a linguística e a lógico-matemática — e ignorar todas as outras.É importante destacar que a tese das inteligências múltiplas nos ajuda a compreender que nossos interesses e aptidões têm um impacto muito grande na forma como incorporamos as informações. Seguindo esse pensamento, as habilidades dominantes do aluno podem ser definidoras para o seu processo de aprendizagem.

Por que afastar os estereótipos da educação infantil?

A criação com base em estereótipos limita a visão de mundo da criança a uma percepção superficial e binária das pessoas e de si mesma, o que pode levá-la a deixar de explorar suas aptidões para a vida e para o mundo do trabalho. Por isso, é fundamental afastar os estereótipos da educação infantil, seja pelos educadores, seja pela família.A criança pode pensar que a sua aptidão em lógica e matemática, por exemplo, é a única habilidade que vale a pena ser desenvolvida ao longo da vida; quando, na verdade, ela deve explorar sua inteligência musical, interpessoal, entre outras, para moldar uma visão de mundo mais abrangente e entender melhor a sua vocação.É por meio da educação que a criança descobre o seu potencial para desenvolver inteligências múltiplas. Assim, ela vai além da lógica de que as pessoas devem ser “boas” em apenas uma coisa, a fim de trabalhar suas aptidões e seus interesses de uma maneira integral, além de criar soluções para os problemas ao seu redor.Vivemos em uma sociedade cada vez mais complexa e repleta de demandas. Compreender a inteligência como um espectro composto por múltiplos fatores, que precisam ser igualmente trabalhados, significa olhar para as crianças como sujeitos integrais e colaborar com o seu desenvolvimento pleno. O resultado disso? Adultos equilibrados, abertos à diversidade e aptos a atuar na sociedade de maneira crítica e autônoma.

Como as inteligências múltiplas são aplicadas à educação escolar?

As escolas têm a responsabilidade de encarar o processo de ensino-aprendizagem como um direito de todos os alunos, garantindo a eles iguais condições de acessar o conhecimento, além de dar atenção aos talentos no cotidiano das salas de aula.Para isso, são necessárias modificações nas propostas e práticas pedagógicas e, principalmente, na maneira de avaliar as inteligências múltiplas dos estudantes.

Identificação das inteligências múltiplas dos alunos

Para aplicar a teoria das inteligências múltiplas na educação escolar, é importante que os educadores possam identificar as inteligências múltiplas dos alunos. Isso pode ser feito por meio da observação de como os estudantes se comportam e se expressam em diferentes atividades, bem como por meio de questionários e entrevistas com eles.

Adaptação do ensino para estimular as diferentes inteligências

Uma vez identificadas as inteligências múltiplas dos alunos, é possível adaptar o ensino para estimular as diferentes inteligências.Por exemplo, para alunos com inteligência espacial, pode ser útil usar mapas mentais, diagramas e outras representações visuais para ajudá-los a compreender conceitos importantes. Para alunos com inteligência linguística, pode ser útil fornecer muitas oportunidades de leitura, escrita e discussão em sala de aula.

Utilização de atividades diversas

Os educadores podem usar atividades que permitam que os alunos explorem diferentes formas de aprendizado. Um plano de ensino pode ser elaborado de forma a incorporar, por exemplo, a cultura maker, oferecendo aos alunos oportunidades de aprender com projetos práticos e experiências reais.Em um projeto de robótica, eles podem ser encorajados a explorar diferentes inteligências, como a inteligência lógico-matemática (usando habilidades matemáticas para programar o robô), a inteligência espacial (projetando o layout do robô) e a inteligência interpessoal (trabalhando em equipe para construir o robô).É uma abordagem que se alinha perfeitamente com a teoria das inteligências múltiplas, que reconhece que cada aluno tem habilidades únicas e que a aprendizagem é mais efetiva quando essas habilidades são valorizadas.

Fornecimento de feedback individualizado

Se quisermos aplicar efetivamente a teoria das inteligências múltiplas na educação, precisamos ir além do ensino padronizado e oferecer um feedback individualizado e personalizado para cada aluno. Isso significa identificar e cultivar as habilidades e pontos fortes de cada estudante, orientando-os para o caminho do sucesso de maneira única.Com a combinação certa de orientação e liberdade, os alunos podem transformar seus talentos em realizações e se tornarem verdadeiros mestres em seus campos de interesse.

Qual é o papel dos pais e familiares?

A relação entre família e escola é essencial para o desenvolvimento das inteligências múltiplas das crianças. Juntos, pais e professores podem criar uma rede de apoio e aprendizagem que incentive a diversidade de habilidades e interesses dos pequenos.Compartilhar ideias e necessidades ajuda a enriquecer o plano de ensino da escola e a criar um ambiente mais completo e diversificado para os alunos.Em casa, o incentivo não pode parar. Os pais podem apresentar novos assuntos e desafiar seus filhos a fazerem perguntas e a descobrirem mais sobre o mundo. Isso ajuda a desenvolver a inteligência linguística e a inteligência intrapessoal, por exemplo.Outra maneira é estimular a imaginação das crianças. Os pais podem criar histórias, brincadeiras e jogos que permitam que os pequenos usem a criatividade para resolver problemas e superar desafios.Em resumo, tanto na relação com a escola quanto no ambiente doméstico, os pais e os familiares desempenham um papel central no incentivo às diferentes formas de aprendizado das crianças.As inteligências múltiplas são uma teoria fascinante que nos mostra que existem diferentes formas de ser inteligente. O mais importante, como vimos até aqui, é incentivar as crianças a explorarem suas habilidades, a serem criativas e a experimentarem coisas novas.Você gostou de saber mais sobre a teoria das inteligências múltiplas? Já aplica algo semelhante na sua rotina? Deixe um comentário compartilhando sua experiência!

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