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Vínculos afetivos e desenvolvimento infantil: entenda a relação

Nos últimos tempos, podemos ter a impressão de que os vínculos afetivos estão cada vez mais raros: falamos menos, nossas relações e admirações são construídas com bases em redes sociais e a facilidade de contato tem diminuído o nosso esforço para ir ao encontro do outro. Porém, com boas informações em mãos, sempre há tempo de restaurar, fortalecer e estimular os vínculos afetivos, principalmente na fase de desenvolvimento infantil.No entanto, uma observação é certa: o desenvolvimento cognitivo e afetivo andam juntos, como afirmou o pensador Piaget. Assim, ação, pensamento e afeição são processos cognitivos. Quer entender melhor sobre o assunto? Então, continue a leitura para aprender sobre os vínculos afetivos e o desenvolvimento infantil!

O que são vínculos afetivos?

Alguns pensadores e filósofos, como Lev Vygotsky, Jean Piaget e Henri Paul H. Wallon, já trouxeram discussões importantes acerca do assunto com uma certa profundidade. Os três concordam que a afetividade é extremamente importante para o processo pedagógico. Confira abaixo o que cada um pensa sobre essa questão.

Piaget e Henri Wallon

Para Piaget e Henri Wallon o desenvolvimento ocorre por meio de várias etapas, e nesse cenário a inteligênciae a afetividade vão se revezando em termos de importância. Por exemplo, no primeiro ano de vida de uma criança, a afetividade é extremamente significativa e predominante, pois o bebê a utiliza para exprimir suas necessidades e interagir com o mundo que o envolve. Portanto, a afetividade vem antes da formação de diversas sensações.Nas outras fases, a afetividade continuará sendo algo fundamental, seja em casa ou na escola. Em casa, os pais conseguem construir um ambiente acolhedor, responsável e de confiança. Assim, por mais que a criança saiba que fez algo que não é legal, é no lar que ela aprenderá a se responsabilizar por suas ações e construirá a base de suas relações para a vida adulta.Quando falamos na relação professor e aluno, também é preciso focar na construção da afetividade e de sentimentos positivos, pois isso, para Piaget e Henri Wallon, terá um grande impacto na maneira como o aluno aprende. A infância é uma fase muito marcante e importante em nossas vidas, dessa maneira, é preciso contar com alguém capaz de construir vínculos positivos e direcionar o aprendizado e a construção de boas relações por parte da criança.

Lev S. Vygotsky

Vygotsky, aofalar sobre a teoria da afetividade, esclarece algumas questões biológicas e sociais na formação do indivíduo. Para o psicólogo, nós, seres humanos, construímos nosso conhecimento por meio da vivência em sociedade, ou seja, não nascemos com o conteúdo internalizado em nossa mente. Toda a sociedade, principalmente pais e professores, são veículos de aprendizagem.Nesse ponto, o diálogo é fundamental para que o ser humano aprenda e elabore com suas próprias palavras o que foi aprendido, e é aqui que a afetividade tem um papel fundamental.ParaVygotsky, a base do pensamento é afetivo-volitiva, isto é, há uma relação muito próxima entre o afeto e a vontade que o discente tem de aprender. Se ele não se sente bem com a matéria ou com o professor, infelizmente, não conseguirá construir o aprendizado de forma significativa. Afinal, ele não vê uma finalidade no que está aprendendo.

Como esses vínculos impactam o desenvolvimento da criança?

Quando pensamos na educação infantil, percebemos que as crianças precisam de mais atenção, ajuda, apoio e, principalmente, carinho. Seja o professor ou os responsáveis pela criança, temos nesses sujeitos as figuras adultas que serão inspiração, influência e referência de comportamento.Em relação ao ambiente escolar, desde muito cedo, ele é um dos principais lugares para ensaiarmos a vida em sociedade, pois aprendemos a conviver, socializar e colocar em prática o aprendizado.Mesmo os ambientes mais tradicionais da educação reconhecem a importância de se aprofundar em algumas mudanças que têm acontecido em torno desse processo educacional. Várias escolas entendem a necessidade de o aluno construir o seu conhecimento por meio do interesse, da curiosidade e da vontade de estudar — como afirmou Vygotsky. Nesse contexto, a afetividade é uma das maiores responsáveis pelo sucesso da criança.

De que maneira incentivar a criação desses vínculos?

O conhecimento não é algo que construímos apenas na escola, ele faz parte do nosso cotidiano e de nossas experiências, pois é social e cultural. As crianças, quando vão à escola, levam diferentes experiências em sua bagagem, tendo seus próprios saberes, e a maior parte deles foram aprendidos de maneira informal.

Construa uma relação positiva

Para incentivar a criação desses vínculos, precisamos criar um elo de comunicação positiva entre professor e aluno, por meio de bons diálogos, momentos descontraídos e construção do conhecimento com uma estratégia neurocompatível — termo cunhado pela psicóloga Márcia Tosin —, ou seja, aquela que percebe, respeita e dialoga com a criança, tendo como base a capacidade de compreensão do pequeno.

Aproxime o aprendizado da realidade da criança

Há a necessidade de desenvolver o interesse do aluno pelo conhecimento científico, e uma das formas mais significativas de fazer isso é aproximar o conteúdo do ambiente escolar da vida do estudante, demonstrando que o conhecimento é uma ferramenta que pode auxiliá-lo a viver o mundo de forma mais segura e ampla. Lembre-se de sempre considerar as possibilidades de inteligências múltiplas.

Estabeleça um vínculo confiável com a criança

É preciso lembrar que nós somos os adultos da relação. Ou seja, quando estivermos diante de um momento mais complexo diante da criança, em que ela está lidando com as emoções de uma forma mais impulsiva — algo que é completamente normal entre os pequenos —, é importante lembrarmos a importância de agir de maneira calma, respeitosa e segura, demonstrando que você, seja professor ou cuidador, é o porto seguro da criança. Afinal, ela precisa de você para regular as suas emoções e voltar a se sentir tranquila.Isso não significa ser permissivo, pelo contrário. Essa ação demonstrará que você sabe esperar o tempo da criança para poder estabelecer um diálogo aberto e claro sobre os acontecimentos e ações, com o objetivo de educar.Em campos como o da educação, a afetividade tem um grande papel. Afinal como agir em busca de uma boa educação se os vínculos criados não transmitem confiança, amor, admiração e respeito? A criança é um ser humano em construção, e os vínculos afetivos são capazes de tornar a escola um ambiente de construção, de conhecimento e de respeito, por meio de um ambiente adequado para o progresso dos pequenos.Gostou do texto? Então, continue conosco e veja aqui como o ensino integral contribui para o desenvolvimento do aluno!

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