A lei federal 13.415, sancionada em 2017 e apelidada de Reforma do Ensino Médio, finalmente entrou em vigor em 2022. Porém, muitos pais continuam com dúvidas sobre como funciona o novo Ensino Médio e os motivos que levaram a essas mudanças.
O objetivo do Ministério da Educação (MEC) com as alterações foi trazer mais flexibilidade e inovação para o curso, de maneira a atender às demandas da sociedade atual, principalmente, propiciando que os alunos permaneçam mais tempo na escola, tenham liberdade de escolha de aprofundamento em certas disciplinas e maior contato com o mundo do trabalho.
Então, para que você possa acompanhar melhor a vida dos estudantes, mantendo sólida a parceria entre a escola e a família, fique conosco na leitura deste post!
Como funciona o novo Ensino Médio?
Por muito tempo, o Ensino Médio se baseou em uma sequência de disciplinas das áreas de ciências humanas e sociais, exatas e biológicas, com alto teor conteudista, sem a obrigatoriedade de haver maior contextualização e interdisciplinaridade, ficando a cargo da escola esse esforço.
O novo Ensino Médio, porém, passou por ampla reorganização curricular para haver uma formação geral que contemplasse os conhecimentos essenciais, competências e habilidades expressos em uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) específica.
Além disso, foram criados os Itinerários Formativos, de curso obrigatório, mas que podem ser compostos por diferentes trilhas de conhecimento escolhidas pelos estudantes.
Com isso, a base para o Ensino Médio está estruturada nas 4 seguintes áreas do conhecimento:
- Matemáticas e suas Tecnologias;
- Linguagens e suas Tecnologias;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Como isso fica na prática?
Com a reorganização curricular, agora as escolas podem montar o programa pedagógico para o Ensino Médio de diferentes maneiras. Uma delas é ofertar atividades em um único componente curricular, por exemplo, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, ou separar em disciplinas, como tradicionalmente ― Química, Física e Biologia.
Com relação aos itinerários formativos, o aluno pode escolher aprofundar seus conhecimentos em uma ou mais áreas do conhecimento, bem como adquirir, concomitantemente, uma formação técnica profissional. Tudo isso sem a necessidade de voltar no contraturno escolar.
Os itinerários formativos estão divididos em 3 componentes ― Aprofundamento, Eletivas e Projeto de Vida ―, os quais devem estar em harmonia com os seguintes eixos estruturantes: investigação científica, mediação e intervenção sociocultural, processos criativos e empreendedorismo.
Haverá matérias que ficaram de fora do currículo?
Não. A escola continua ofertando todas as matérias, como fazia anteriormente. A diferença agora é que, ao montar o programa pedagógico e seus itinerários formativos, a escola pode decidir dar mais ou menos ênfase a determinadas matérias do currículo.
De qualquer forma, além das matérias eletivas ― disciplinas escolhidas fora do itinerário formativo no qual o aluno vai se aprofundar ―, três disciplinas são obrigatórias em todos os anos do Ensino Médio: Matemática, Língua Portuguesa e Inglês.
Ainda, disciplinas que levantaram discussão sobre permanecer ou não no currículo estão garantidas pela BNCC. São elas: Educação Física, Artes, Sociologia e Filosofia, cabendo apenas aos estados e municípios decidirem como serão ofertadas.
O que mudou no novo Ensino Médio?
Você está vendo como funciona o novo Ensino Médio e notou um projeto pedagógico bem diferente de quando esteve na escola, certo? Então, vamos destacar alguns pontos essenciais dessas mudanças.
Protagonismo do aluno
Um ponto importante vem ao encontro da premissa de tornar o aluno um protagonista na escola. Além de escolher as disciplinas, o MEC está incentivando que as escolas proporcionem espaços de aprendizagem que incentivem verdadeiramente o aluno à prática, aproximando-se cada vez mais das questões reais do mundo, bem como desenvolvendo habilidades essenciais ao mercado de trabalho.
Carga horária maior
Antes da implantação do novo Ensino Médio, o curso tinha o total de 2.400 (800 horas por ano). Agora, a carga horária é de 3.000 horas para os três anos ou 1.000 horas por ano. Além disso, o cronograma está dividido em 1.800 horas para formação geral básica + 1.200 horas para os itinerários formativos.
Interdisciplinaridade
No antigo Ensino Médio, promover a interdisciplinaridade era um esforço individual de cada escola, conforme sua visão e possibilidades. Agora, com a grade curricular sendo aglutinada em áreas do conhecimento, fica muito mais simples de permear os conhecimentos e integrar conteúdos e práticas.
Para o aluno, isso é uma vantagem enorme, tanto ao se deparar com provas como o Exame Nacional do Ensino Médio ― que tem a interdisciplinaridade em sua essência ― quanto nas situações da vida em que for necessário correlacionar conhecimentos.
Quais as vantagens dessas mudanças para o aluno?
Conheça agora os benefícios dessas transformações no novo Ensino Médio para a formação integral.
Mais autonomia
O desenvolvimento da autonomia é essencial à formação do estudante. Especialmente no Ensino Médio, ele deve garantir uma dirigida liberdade de escolha para tomar decisões conscientes sobre seus passos na educação, o que poderá ser determinante para seu futuro.
Além disso, com o incentivo a atividades práticas, habilidades socioemocionais também são trabalhadas, como liderança, resolução de problemas, comunicação etc.
Foco no mercado de trabalho
A possibilidade de formação profissional do novo Ensino Médio é um importante diferencial para que o aluno tenha condições de conquistar o primeiro emprego já saindo do Ensino Médio. Dessa forma, essa é uma ação com foco em preencher uma carência de profissionais para áreas do mercado, além de aumentar a empregabilidade da população, independentemente da formação universitária, diminuindo o desemprego.
Reflexão realista sobre os problemas do mundo
Ao fomentar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, a escola está formando um estudante cada vez mais consciente sobre os problemas e questões da sociedade. Dessa maneira, está desenvolvendo o pensamento crítico e a autoconsciência sobre seu papel na sociedade.
Você acabou de conhecer como funciona o novo Ensino Médio e viu as principais mudanças em relação ao antigo modelo. Essa reformulação vai ao encontro das necessidades da educação nesta terceira década do século XXI, pautada pelo relacionamento humano, uso consciente das tecnologias e por estudantes corresponsáveis pela construção do seu próprio conhecimento.
Então, se você gostou desse assunto, sugerimos ficar por aqui mais um pouco e entender melhor as vantagens de estimular o aluno a ser protagonista.