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Sono na adolescência: por que isso acontece?

A adolescência é um período de grandes transformações na vida de um ser humano. Devido às demandas físicas e mentais que acometem os jovens, essa é uma fase na qual existe a necessidade de ter atenção ao próprio corpo.

A fim de preservá-lo e dar-lhe a devida recuperação para os desgastes, o sono na adolescência é essencial para que haja uma renovação completa da energia física e intelectual, evitando-se problemas de saúde. Respeitar o relógio biológico ao máximo pode trazer ganhos em curto e longo prazo. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!

Por que há a necessidade de mais horas de sono para os adolescentes?

As alterações físicas e hormonais na estrutura do(a) adolescente exige que ele(a) tenha mais horas de um sono de caráter revigorante. Para essa necessidade ser cumprida, o ideal é dormir de nove a dez horas por noite.

O cumprimento desse quesito significa um maior bem-estar, trazendo equilíbrio, ampliando a capacidade de aprendizado e renovando o humor. A privação do número ideal de horas de repouso pode trazer maiores índices de doenças metabólicas como distúrbios psicológicos, sobrepeso, diabetes tipo 2, crescimento menor do que o esperado e obesidade.

Funcionamento de cortisol e melatonina no organismo adolescente e ritmo circadiano

Uma maneira de entender como a frequência do sono pode ser alterada nessa época é saber de que modo os hormônios cortisol e melatonina atuam no comportamento dos adolescentes. E isso é uma realidade para uma parcela grande das pessoas dessa idade. Mesmo não tendo influência na produção de hormônios, o repouso dá suporte para que haja a produção.

Quase todos os seres vivos vivem sob a tutela do ritmo circadiano — período de 24 horas sobre o qual o ciclo biológico se baseia. Por reações instintivas, nós entendemos o dia como uma faixa de tempo propícia a acordar, produzir e cuidar dos afazeres cotidianos, enquanto a noite se torna o período no qual já começamos a desacelerar e caminhar rumo ao estágio de sono.

Todavia, algumas pessoas são bastante produtivas durante o dia, enquanto outras se sentem mais dispostas no período da noite. O problema disso na adolescência envolve as mudanças hormonais, que também promovem a descompensação nos horários.

O cortisol dita o nosso ciclo circadiano e assume o papel de regente para a nossa sobrevivência. Na parte da manhã, por meio da liberação desse hormônio, nós recebemos um aviso de que é hora de despertar, nossa temperatura sobe, a pressão corporal varia ao longo do dia e recebemos estímulos a exemplo da fome e saciedade.

A melatonina, um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano, é a responsável por induzir o sono. Ela está relacionada à regulação da vigília e da sonolência. A glândula pineal a libera para que alcance o sistema sanguíneo e as células do corpo quase ao mesmo tempo. A partir daí, nosso relógio biológico se inicia, abrindo um novo ciclo.

A chegada à adolescência ocasiona mudanças hormonais, impulsionando que o sono venha um pouco mais tarde. Assim, o acordar se torna um processo penoso e negociado com o relógio.

Atividades como o uso de celulares, tablets e televisão adiam o desejo de dormir, pois a luz azul emitida por esses aparelhos inibe a produção de melatonina, empurrando o descanso para um horário avançado.

A vida social e o aumento de responsabilidades escolares também deixam os jovens mais distantes da cama em horários adequados. Então, em resumo, há diversos fatores que influenciam o sono na adolescência.

O que é o Cronotipo?

Outro elemento a ser considerado é o cronotipo. Ciência estudada a partir da década de 1960, ela prega que a população se divide em alguns perfis concebidos a partir de relógios biológicos. Boa parte dos especialistas defende a existência de três categorias, estabelecidas a partir dos horários de dormir e de acordar. A divisão se faz em três tipos:

  • matutinos — apresentam uma relação rígida quanto aos horários de dormir e acordar, exibindo incômodos se essas etapas forem alteradas;
  • vespertinos — têm uma disposição maior no período noturno, jogando sempre os horários de dormir e acordar para mais tarde;
  • intermediários — conseguem adequar aos horários de uma maneira natural.

Na adolescência, o cronotipo que sobressai é o vespertino, uma vez que, além da ação dos hormônios, as atividades mais atrativas para os jovens se encontram justamente no período noturno: encontros sociais em festas ou reuniões em ambientes comuns a eles. Os programas de TV e as séries nas plataformas de streaming também são agentes de postergação. E não há como desprezar a ação dos jogos na internet na redução de repouso.

Observações e pesquisas sobre o uso excessivo da internet

As conversas por redes sociais, como Facebook, WhatsApp e Instagram, acabam por esticar o período desperto. A espiadinha em um desses espaços virtuais toma uma fatia enorme da agenda de cada um desses jovens.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo, no ano de 2019, realizada com adolescentes entre 15 e 19 anos, mostrou que 25,3% deles são dependentes graves ou moderados de internet. Além disso, o número de casos de ansiedade é de 34% entre dependentes tecnológicos.

Depois de analisar 11 mil adolescentes, em 2019, a Universidade de Glasgow, no Reino Unido, publicou um relatório observando que usuários de redes sociais que ficavam mais de três horas navegando enfrentavam problemas de saúde e de desempenho escolar.

Como não é possível desviar de compromissos matutinos, os cronodesajustes — dessincronizações dos relógios biológicos — são comuns. É normal observar o(a) aluno(a) que se atrasa e dorme ou não consegue se concentrar nas explicações do(a) professor(a) das primeiras aulas da manhã.

E assim se vão conhecimentos, consultas médicas, horários de terapias, treinos e combinações com amigos. Seria muito importante permitir às pessoas o respeito ao seu ritmo interno, mas, quando se trata de compromissos, não temos essa opção.

Que práticas podem ajudar a melhorar o sono dos adolescentes?

Agora que você já sabe como funciona o sono na adolescência e por que ele é diferente, vamos listar algumas dicas para melhorar a qualidade dele. São elas:

  • dialogar mais sobre o dia a dia;
  • observar o número de horas de sono do adolescente — em dias de escola e nos fins de semana;
  • conferir o uso e tempo gasto com equipamentos eletrônicos;
  • orientar sobre o efeito luminoso de equipamentos eletrônicos próximo ao horário de dormir e a importância de evitá-los;
  • desestimular a prática de esportes e outras atividades físicas em horário próximo ao de se recolher;
  • evitar alimentação em horários mais tarde;
  • buscar suporte terapêutico para as questões de saúde mental quando houver necessidade.

O sono na adolescência é muito importante por diversos aspectos, principalmente no que diz respeito ao aprendizado na escola e à renovação da disposição física. Por isso, é sempre importante ter atenção ao comportamento dos jovens e buscar soluções sempre que perceber algo fora do comum.

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