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Como as habilidades socioemocionais impactam no relacionamento de crianças e jovens?

Atualmente, instituições como escolas, faculdades e empresas têm valorizado cada vez mais o desenvolvimento das habilidades socioemocionais. Isso porque tais competências auxiliam significativamente na produtividade e aperfeiçoamento das pessoas.

Somos seres sociais e a grande maioria das atividades que realizamos no dia a dia envolve outros indivíduos, o relacionamento interpessoal e social. Mais do que nunca, fica clara a importância de trabalhar esse aspecto na educação de crianças e adolescentes.

Convidamos Alice Marques Vilanova, graduanda em Psicologia e orientadora educacional do Colégio Arnaldo, para explicar melhor como as habilidades socioemocionais impactam os mais jovens. Confira a seguir!

O que são habilidades socioemocionais?

Alice explica que "as habilidades socioemocionais são capacidades que extrapolam a dimensão do intelectual e permitem compreender, de maneira mais aprofundada, o lado psicológico e emocional do ser humano." 

Tais capacidades estão relacionadas à inteligência emocional das pessoas, por isso, quando aplicadas ao contexto escolar, elas preparam os estudantes para a superação dos desafios diários.

"Ter habilidades socioemocionais significa saber reconhecer e gerenciar os próprios sentimentos nas situações cotidianas, sobretudo na ocorrência de conflitos, na interação e no convívio com o outro", destaca Alice.

Quais as habilidades socioemocionais mais importantes?

Todas as habilidades socioemocionais são importantes e relevantes para o enfrentamento das diversas situações. "No contexto educacional, atualmente, é comum que as instituições se baseiem nas 5 personalidades apresentadas pelo Big Five Factors (5 Grandes Fatores) para trabalhar as competências", cita Alice.

"Elas são organizadas em traços de personalidade conhecidos pela sigla OCEAN, que é uma metáfora para caracterizar as próprias habilidades de profundidade e imensidão, que podem ser reconfortantes ou, às vezes, devastadoras."

Alice ainda reforça que, "ao compreender que os traços de personalidade são refletidos pelo comportamento das pessoas, é importante trabalhar as competências relacionadas a esses fatores", como:

  • Abertura para a Experiência: relacionada à inovação, como criatividade, curiosidade, letramento digital e conectividade;
  • Conscienciosidade: relacionada à competência e autonomia, como confiança, responsabilidade, disciplina e proatividade;
  • Extroversão: relacionada à consciência social, como consciência de classe, conduta ética, respeito, consciência ambiental, solidariedade e empatia;
  • Amabilidade: relacionada ao relacionamento interpessoal, como empatia, comunicação assertiva, compaixão, cooperação, escuta ativa, flexibilidade, humildade, gentileza e discernimento;
  • Estabilidade Emocional: relacionada ao autoconhecimento, autocuidado, autorrespeito, determinação, resiliência, planejamento e autenticidade.

Qual a importância de desenvolver as habilidades socioemocionais?

"Vivenciamos, nos últimos anos, o afastamento das atividades presenciais em decorrência da pandemia da covid-19. Com isso, as pessoas passaram muito tempo se relacionando com um grupo restrito, o que evidenciou a dificuldade de relacionamento entre os indivíduos no retorno às atividades presenciais", destaca Alice. 

"A neurociência mostra que as habilidades socioemocionais e afetivas impactam direta e positivamente na aprendizagem. Isso porque elas preparam os alunos para ter responsabilidade com seus compromissos, para lidar com conflitos internos, com ansiedades, com situações de tensão do cotidiano, entre outras situações."

Além disso, as competências também ensinam a ter a autoconfiança necessária para os desafios da sua evolução como estudante e como pessoa. Sendo assim, contribuem com a melhora da convivência com o outro, tornando o local de aprendizagem um ambiente propício para a troca de experiências e discussões.

Alice comenta que "uma escola que prepara os alunos no aspecto acadêmico e de inteligência emocional, portanto, proporciona um ensino completo, que forma cidadãos mais preparados para os desafios da vida adulta."

Como as habilidades socioemocionais impactam crianças e jovens?

As habilidades socioemocionais estão diretamente relacionadas à capacidade de se relacionar com outras pessoas, como vimos. Por isso, incentivar tais competências nas crianças e jovens é uma ação que auxilia-os a manter relacionamentos interpessoais de maneira mais equilibrada e coerente.

"A partir do desenvolvimento das habilidades socioemocionais, os alunos são capazes de compreender suas relações com os outros, identificando, assim, os desafios e conflitos com outro olhar. Assim, eles passam a agir a partir dessa nova interpretação", relata Alice.

Sem contar que as competências ajudam a ter mais resiliência, reduzem problemas com bullying, melhoram a compreensão, aperfeiçoam a capacidade de resolver problemas, possibilitam que tenham mais respeito com as pessoas e, consequentemente, um melhor convívio em sociedade.

"No mercado de trabalho, as habilidades socioemocionais são altamente valorizadas. Atualmente, as empresas consideram, além das hard skills, as soft skills e o perfil que os candidatos apresentam. Ao desenvolvermos tais qualidades, estamos preparando essas pessoas para serem mais produtivas", destaca Alice.

Além de que é uma ótima oportunidade para transmitir conhecimentos diversos, como trabalho em equipe, empatia, resiliência, liderança, capacidade de inovação, criatividade, planejamento, responsabilidade, conduta ética, respeito, cooperação, entre outros saberes relevantes para o mercado de trabalho.

Como os pais podem ajudar no desenvolvimento das habilidades socioemocionais?

"É muito importante que o desenvolvimento das habilidades socioemocionais aconteça em vários âmbitos da vida da criança e do adolescente e, por isso, os pais não podem ficar fora dessa responsabilidade. É possível adotar estratégias que ajudam nessa tarefa no contexto familiar", diz Alice.

"Elas envolvem, por exemplo, a discussão sobre os próprios sentimentos e as emoções em relação aos demais integrantes da família. A prática de atividades da casa trabalhando certas capacidades também ajuda bastante." 

Mesmo assim, sabemos que conversar sobre sentimentos e direcionar as tarefas domésticas, de maneira que o filho compreenda quais habilidades estão sendo desenvolvidas, não é fácil. 

Por isso, Alice sugere "utilizar recursos variados para que a família comece a dar esses passos em conjunto, vivenciando um momento de união." Veja:

  • assistir filmes juntos, como Divertidamente, As Vantagens de Ser Invisível, Universidade Monstro e Extraordinário;
  • incentivar a leitura de livros, como Todas as Pessoas Contam, A Ilha das Emoções, Trabalhando as Emoções, Este Sou Eu, Sinto o que Sinto: A Incrível História de Asta e Jaser.

Qual o papel da escola em trabalhar as habilidades socioemocionais?

Alice relata que "a função da escola vai muito além da transmissão do conhecimento. Assim, é urgente a necessidade de fortalecer as variadas competências em nossas crianças e jovens, para que assim seja possível a construção de uma vida produtiva e feliz, sobretudo em uma sociedade marcada pela velocidade das mudanças." 

"Ao trabalhar as habilidades socioemocionais, a instituição ajuda o aluno em habilidades importantes que promovem a concentração, organização, planejamento, a capacidade de realizar trabalhos em grupo, além de desenvolver sua inteligência emocional."

Ao frequentar a escola, crianças e jovens passam a ter contato com pessoas diferentes delas e do seu contexto familiar, e é natural que surja curiosidade, dúvidas e desafios. 

Esses tipos de situações acabam tirando o foco da rotina escolar, e a inteligência emocional, além das diversas outras habilidades citadas anteriormente, ajuda a criança e o adolescente a enfrentar esse problema sem que isso apresente um impacto negativo na vida escolar.

Por isso, Alice relembra que "as instituições podem — e devem — integrar o trabalho das habilidades socioemocionais em seus currículos. Para isso, os professores devem trabalhar o desenvolvimento dessas competências e a sua aplicação no cotidiano dos alunos, demonstrando, principalmente, a importância dessas qualidades para a vida."

Os educadores e a equipe escolar podem fazer isso por meio da realização de trabalhos, projetos e atividades que consigam evidenciar a relevância de tais habilidades. 

"A BNCC, inclusive, reforça que, assim como o desenvolvimento cognitivo, é fundamental o incentivo das competências socioemocionais em sala de aula. Na BNCC, as habilidades socioemocionais estão presentes em todas as 10 competências gerais e, após o ano de 2020, todas as escolas precisam contemplar esses saberes em seus currículos."

Deu para perceber que as habilidades socioemocionais são extremamente relevantes para o crescimento das crianças e adolescentes. Em conjunto com os educadores, os pais também têm um papel essencial para promover a inteligência emocional nos filhos, possibilitando que cresçam mais conscientes de seus sentimentos e do relacionamento com as pessoas ao redor. 

Gostou do conteúdo? Aproveite a visita e entre em contato com a equipe do Colégio Arnaldo para entender como trabalhamos na prática as emoções nos estudantes!

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